Dentre todas as pedras preciosas, o diamante sem dúvida é o
"Rei". Um diamante polido, engastado num anel ou colar, ou até numa
coroa real, é uma joia belíssima; além disso, seu preço é muito alto.
O homem conhece o diamante há milhares de anos. Uma das doze
pedras preciosas que o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) usava o Choshen (Peitoral)
do Efod (veste do Sumo Sacerdote), representando as doze tribos de Israel, era
um diamante.
Há cerca de 130 anos, o diamante era bastante raro. Em 1866, os
filhos de um fazendeiro na África do Sul encontraram uma pedra tão reluzente
que chegava a soltar faíscas, e brincaram com ela, guardando-a entre seus
brinquedos. Quando a mãe percebeu a pedra brilhante, deu-a a um vizinho, que a
vendeu para um ambulante por alguns trocados. Aquela pedra era um diamante que
depois foi classificado como pesando mais de 21 quilates.
As pessoas começaram a encontrar mais diamantes na mesma área.
Em 1869, um pastor vendeu um diamante com mais de 83 quilates pelo preço de 500
ovelhas, dez vacas e um cavalo. A notícia do achado destes tesouros espalhou-se
como fogo na mata. Logo havia milhares de "caçadores de tesouro"
perto do Rio Vaal na África do Sul, onde os diamantes acima mencionados tinham
sido encontrados. Alguns anos depois, começou a escavação no agora famoso campo
de Kimberly. Ali também, o primeiro diamante foi encontrado por acaso.
Uns poucos "caçadores" chegaram ao local, onde mais
tarde seria fundada a cidade de Kimberly. Eles estabeleceram uma fazenda. Isso
foi no verão de 1871. Um dos trabalhadores fez algo de errado, e como castigo,
foi mandado para cavar num campo das proximidades. Enquanto cavava, encontrou
diamantes.
Houve uma corrida até o campo, e cerca de 1600 homens compraram
cotas do lugar, embora tivesse apenas 10 acres de tamanho. Todos começaram a
cavar em sua propriedade, e carregavam a rocha e a levavam por correntes até a
mina na superfície; ai a "rocha" era lavada e filtrada, para fazer
surgir os diamantes. O campo da mina foi transformado numa densa rede de
correntes; fervilhava como uma colmeia, todos trabalhando para si mesmos, não
pensando no vizinho. Com frequência, as finas paredes entre as minas desabavam,
porque não havia um sistema de cooperação. Muitas vezes, um ou outro mineiro
atingia um regato subterrâneo que inundava sua mina, e também as dos vizinhos.
Dois homens sonhavam criar um monopólio das minas de diamantes
para eles próprios. Um deles era um inglês, Cecil Rhodes. Ele iniciou sua
carreira alugando bombas de água para vários "escavadores", e pouco a
pouco começou a adquirir pequenas cotas nos lucros. Também o outro homem,
Barbey Barnatto, começou a comprar mais e mais cotas. Alguns anos depois Cecil
Rhodes comprou as cotas de Barney Barnatto, e assim se tornou o único dono das
famosas minas "De Beer". Este era o nome de uma família sul africana
a quem os campos tinham pertencido originalmente, antes da descoberta dos
diamantes.
Rhodes pagou 26 milhões de dólares para se tornar o único dono
das minas de diamantes. A empresa que ele formou "Minas Consolidadas De
Beer Limitada", atualmente controla a produção e o preço dos diamantes em
todo o mundo.
Hoje em dia, 5 toneladas de diamantes são extraídas anualmente,
e a maior parte vai para fins industriais, não para joalherias. O diamante pelo
seu grau de dureza é usado para diversos propósitos: cortar ferro e aço, serrar
pedras, polir, moer e raspar diversos tipos de instrumentos, etc.
O diamante industrial, embora inútil como joia, é uma parte
vital na indústria mecânica, como eletricidade ou outras formas de força. Em
1957, por exemplo, os Estados Unidos importaram 15 milhões de quilates de
diamantes. Desse total, menos de 2 milhões de quilates foram para joalherias. O
restante – mais de 13 milhões de quilates, ou quase 3 toneladas – eram
diamantes industriais.
Como jóia, o diamante custa cerca de U$ 1000,00/quilate, ao
passo que um diamante industrial custa apenas U$ 4,00/ quilate.
As minas de diamantes da África do Sul produzem a maioria dos
diamantes. O Congo Belga (atual República do Congo, na África Central) tem a
maior quantidade de diamantes industriais. Em 1957, 13 milhões de quilates
foram extraídos, porém 95% deles eram da qualidade industrial, mais barata, que
é moída até virar pó para fins de polimento. A África como um todo produz 97%
de toda a produção mundial de diamantes. A produção mundial supera os 23
milhões de quilates por ano. Tanganica, Gana, África Ocidental Francesa e
outras partes do Continente Negro também produzem boa quantidade de diamantes,
mas todos são vendidos através da empresa De Beer.
Um dos primeiros países onde os diamantes foram descobertos foi
a Índia. Ali os diamantes eram conhecidos há mais de 2000 anos. Segundo a
lenda, o famoso "Koh-I-Noor" ("montanhas de luz"), que hoje
faz parte dos tesouros da Coroa Britânica, foi descoberto na Índia.
Houve certa vez um diamante com uma lenda ligada a ele, chamado
"o grande Mogul", e pesava 787 quilates. Há cerca de 300 anos,
desapareceu, e foi cortado em pedras menores. Uma dessas partes, pesando 280
quilates foi utilizado para a coroa de um marajá indiano.
Dentre os tesouros russos, há um diamante das joias da coroa dos
antigos czares. É chamado "Orloff", e pesa 220 quilates. Um soldado
francês o roubou de um templo hindu, do olho de uma estátua que ali havia. Isso
ocorreu em 1700. A pedra mudou de mão muitas vezes, sempre com derramamento de
sangue envolvido, até que chegou a Amsterdã em 1774. Ali, um príncipe russo,
Orloff, comprou-a (por cerca de meio milhão de dólares) e deu-a de presente à
rainha Catarina II. Alguns acreditam que também fazia parte do "Grande
Mogul" extraviado.
Um dos diamantes mais famosos é o "Hope", uma pedra enorme,
azul, rara. Está envolvido nas mortes trágicas de doze pessoas; também causou
tragédias em duas famílias reais. É parte de uma pedra maior, que pertenceu ao
rei francês, Luiz XIV. Foi roubado na época da Revolução Francesa.
Posteriormente, apareceu na Inglaterra (44 quilates) onde um banqueiro, Henry
Thomas Hope, comprou-a em 1800. Mais tarde, um sultão turco, Abdul Al Hamid,
comprou-a, e a deu para sua esposa favorita usá-la ao redor do pescoço.
Aparentemente o diamante também trazia má sorte, pois ele perdeu o trono. A
pedra agora pertence a um mercador de diamantes em Nova York.
O maior diamante do mundo foi encontrado na Mina Premier em
Transvaal, na África do Sul. Esta nova mina de diamantes foi descoberta em 1902
por um tal Thomas Cullinan. Três anos depois, o capataz, Frederick Wells,
percebeu um raio de luz na lama de uma mina aberta; com seu canivete, ele
desenterrou o maior diamante do mundo – 3106 quilates, ou meio quilo de peso.
O Governo de Transvaal presenteou o "gigante" ao Rei
Edward VII da Inglaterra. A pedra foi chamada de "Cullinan". O rei
escolheu o famoso lapidador, J. Osher de Amsterdã, para cortar a pedra. Este
especialista estudou a pedra durante meses. Uma batida no lugar errado poderia
partir a o diamante em pedaços.
As responsabilidade e a tensão eram indescritíveis. Algumas
vezes ele desmaiou durante o trabalho. Finalmente, partiu com sucesso em nove
diamantes grandes, e 100 jóias menores. A pedra maior pesava 530 quilates e foi
engastada no Cetro real. A pedra leva o nome de "Primeira Estrela da
África".
A "Segunda Estrela da África" do diamante Cullinan
pesa cerca de 130 quilates, e enfeita a Coroa Real Britânica, que é usada na
Coroação.
Cortar e polir um diamante bruto de tamanho grande pode levar um
ano. O especialista precisa de extrema paciência, arte, e nervos de aço. Cada
diamante tem suas próprias peculiaridades. O lapidador estuda os
"músculos" internos, ou gramatura da pedra, faz diversas linhas
demarcatórias ao redor do diamante, de modo a obter a pedra maior e o menor
número possível de pedras pequenas; quanto maior a pedra, mais alto é o preço.
Às vezes ocorre que um especialista corte a pedra com uma batida
do martelo no ponto exato, como fez J. Osher com o diamante Cullinan (e
desmaiou na mesma hora). Ele foi informado mais tarde que o golpe tinha sido
perfeito. Atualmente, os diamantes são cortados por serras especiais. São
rodas, finas como papel, cobertas com pó de diamante misturado com azeite de
oliva, e giram mecanicamente a grande velocidade, serrando o diamante bem
lentamente, muitas vezes durante semanas. Somente um diamante pode cortar
outro, porque não existe substância mais dura que o diamante.
Mas por que estamos contando sobre a história dos diamantes com
tantos detalhes? Por que tudo que é criado no mundo, certamente possuí um
propósito Divino.
O Báal Shem Tov, cujo aniversário é a 18 de Elul, declarou que
todo judeu é um "diamante", porque possui as qualidades naturais
daquela gema; é duro e determinado (um povo que não se dobra), e inconquistável
na sua profunda crença interior no Todo Poderoso; os traços e qualidades inatas
do judeu reluzem como raios do sol. Porém, assim como um diamante é bruto e
opaco quando retirado da terra, e somente após ser lavado, raspado e polido
emerge o verdadeiro "diamante", o mesmo ocorre com cada judeu. Suas
boas qualidades estão ocultas no seu âmago, sob uma camada de "lama"
que precisa ser lavada e limpa, até que sua centelha interior brilhe até a
superfície. Aqui também, muita paciência e amor são necessários, grande Ahavat
Yisrael (amor ao próximo) para fazer surgir aquilo que há de bom no outro. A
pessoa precisa atingir o "ponto" certo.
Da mesma forma que é preciso um diamante para cortar e polir
outro diamante, o mesmo ocorre com cada judeu. É somente num ambiente
genuinamente judaico, que instila sabedoria de Torá e incentiva o cumprimento
das mitsvot, que um judeu pode desenvolver suas qualidades da forma mais pura e
elevada.
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